Lendo os Cadernos de Teoria e Prática, os chamados TPs do Gestar, pude entender melhor a proposta do programa e imaginei as possibilidades de transformação que pode trazer. Na verdade, um mar de possibilidades... Vendo as atividades sugeridas na seção “Avançando na prática”, visualizei como cada professor as realizaria com seus alunos, sonhei estes produzindo zilhões de textos e... Ufa! Quanta empolgação! É... mas para que sonhos se realizem existem barreiras grandes. Fazer funcionar um programa no nível do Gestar exige muito de nós.
Quando começaram as inscrições ficamos felizes com a adesão dos professores. Eram tantos que ia faltar material. Nas primeiras oficinas vimos que alguns inscritos não estavam presentes: lá se vai um pouco da nossa empolgação, afinal, quando não se tem uma turma grande, fica a impressão de que o programa não interessou, sei lá. Nas oficinas seguintes, na hora da discussão dos pontos mais importantes do TP: “Não li”, “não tive tempo”, “Não li todo”, “Não consegui ler”, diziam alguns cursistas. Sentimento naquele instante: frustração. “Tudo bem, vamos ao resumo do TP aqui no slide”, continuei. Explanação seguindo, percebi um fato curioso: uma cursista estava lá com seu filho de cinco anos de idade e este dormira sobre uma das carteiras e ela, apesar de ver o desconforto do filho, continuava a assistir à exposição do slide. Além disso, outro cursista com problemas de saúde ali permanecia apesar de tudo. Constatei naquela noite que a frustração que sentira antes não tinha razão de ser, porque não obstante todas as dificuldades, nosso cursista demonstra um interesse fora do comum. Todos têm uma carga de trabalho excessiva; ocupam-se além da sala de aula com outros projetos da escola, alguns, inclusive, trabalham em três escolas, sem falar nas preocupações de sua vida pessoal. Especificidades tristes da profissão de mestre. Com uma carga tão exaustiva, não se pode condená-los, por exemplo, por não terem resolvido todas as atividades do TP ou por não ter lido a última seção. Por outro lado, o Gestar não pode funcionar de qualquer jeito. Vem então o dilema de realizar o programa com qualidade e entender as dificuldades dos cursistas. Um desafio e tanto...
Por enquanto, para dar mais tempo ao cursista, estendemos até três o número de oficinas para o estudo de cada TP. Com esse período, facilita-se também a aplicação de atividades dos AAAs (os cadernos com Atividades de Apoio à Aprendizagem). É o conforto necessário à continuidade do programa. “Como são muitas as atividades e o tempo é curto, pensei em desistir”, contou a cursista Adélia, “mas tenho aprendido tanto que, enfrentarei sacrifícios para continuar no curso”, completou. Quando fiz a primeira visita ao Colégio Laura Estrela, a diretora Salete Monteiro comentou que percebeu já a aplicação de atividades diferenciadas nas salas de aulas. É com passagens assim que percebemos o quanto, apesar das dificuldades, o programa pode fazer. Vêem-se algumas luzes no fim do túnel! O Gestar vai aos poucos invadindo as salas de aula e transformando a maneira de ensinar Português e Matemática. As sementes começaram a ser plantadas, sigamos no caminho acreditando na nossa força interior e esperemos, pois, os resultados.
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